A ORIGEM DA CAPOEIRA
É de suma importância tentarmos responder a uma pergunta quase sempre formulada, sobre a origem da capoeira, é brasileira ou africana. Examinado o problema do tráfico de escravos africanos para o Brasil, é bastante difícil se afirmar com precisão a chegado dos escravos e sobre a suas procedências, em virtude da escassez de documentos. As raças foram varias, entre elas encontramos quantidades de Gêges, Nagôs e Haussás, que se confundem com os bantus, estes em número mais considerado, no porto de origem e aqui chegavam como tal. Os negros bantus procedentes em sua maior parte de Angola, do Congo, de Benguela, de Cambinda, de Mossamedes. Não existia um plano a seguir para a distribuição dos negros escravos, destinados a lavoura, aos encargos domésticos dos senhores brancos e ao trabalho nas minas. Recife, Salvador e Rio de Janeiro foram os três maiores centros de importação da mercadoria negra. Através de poucos documentos conhecidos é possível saber que a maior quantidade de escravos era escoado de Luanda e Benguela.
O grande motivo pelo qual não conseguimos provas documentais se a Capoeira é africana ou brasileira é o fato de Rui Barbosa, então Ministro da Fazenda, no governo Deodoro da Fonseca, haver mandado queimar todos os documentos com relação a escravidão no Brasil, dizendo ser necessário apagar da memória nacional o fato do Brasil ter sido, até anos antes, um país escravocrata. Mas haviam outras razões pelas quais ele queimou estes documentos, dentre elas evitar o pagamento de indenizações, aos senhores de escravos ou aos negros libertos.
A capoeira teve sua origem na chamada dança das marradas ou dança das Zebras até hoje em Angola, segundos alguns historiadores. Como dança não possuía nada de luta, ofensiva e defensiva. Apenas festividade, ludicidade e folguedo era o significado do cerimonial ritualizado no qual se inscrevia. A segunda informação sobre a palavra capoeira, tem como base a espécie de cesto em que se colocam galinhas, denominado capoeira. Enquanto os escravos, que transportavam as capoeiras de galinhas esperavam abrir o mercado, divertiam-se com brincadeiras e destreza.
Também se tem o fato dos negros vindos para o Brasil que eram de todas as partes da África, com uma proporção razoável de Angola, que diziam ser mais ágeis, por terem estatura mediana e por isto tinham mais aproveitamento no trabalho e no jogo da Capoeira. O nome "CAPOEIRA" deu-se, entre outras hipóteses, em função dos escravos ao fugirem para as matas, os senhores mandavam os capitães-do-mato buscarem os escravos, que os atacavam nas clareiras de mato ralo (cujo nome é Capoeira) com pés, mãos e cabeça, dando-lhes surras ou até mesmo matando-os, porém os que sobreviviam voltavam para os seus patrões indignados. Então os Senhores perguntavam:
-"Cadê os negros?" e a resposta era:
-“Nos pegaram na Capoeira", referindo-se ao local onde foram vencidos. A Capoeira no meio das matas era praticada como luta mortal, já nas fazendas ela era praticada como brinquedo inofensivo, pois ela estava sendo feita por baixo dos olhos dos Senhores de Engenho e dos Capitães-do-mato; e naquele momento se transformou em dança, pois ela precisava sobreviver, uma luta de resistência.
A outra informação vem diretamente ligada ao próprio escravo. O escravo era exercitado numa espécie de dança a qual usava movimentos atléticos simulando golpes de uma luta. Durante a noite os escravos mais exercitados conseguiam se refugiar e se escondiam nas matas virgens mais próximas das senzalas. Ao amanhecer, os capitães-do-mato saíam em busca dos escravos fugidos e eram surpreendidos pelos escravos rebeldes que saíam para a capoeira, mata que sucede à mata virgem que foi roçada, onde se travavam lutas e combates corpo-a-corpo nas quais os brancos captores se viam indefesos perante aquela nova forma de luta.
No Brasil, os escravos indefesos e oprimidos pelas armas e chibatas dos senhores de engenho se entregavam ardorosamente aos cultos religiosos e danças litúrgicas exaltando o sentido de liberdade. O ritmo bárbaro dos instrumentos da percussão, aliados aos seus cânticos acres e misteriosos, exacerba-lhes as gesticulações, exagerava-lhes os saltos, exercitava-os na ginga do corpo, dotando-os de extraordinária mobilidade, excepcional destreza e surpreendente velocidade de movimentos numa dança estranha, até então dança das Zebras.
E, no laboratório da natureza, os simples gestos se transformam em movimentos de ataque e defesa diante dos olhos de seus opressores, que apenas observam, pois dança de escravo não merecia maior atenção. Enquanto dançavam, os escravos se adestravam na arte da simulada luta utilizando-se somente das armas que o próprio corpo podia lhes oferecer: pernas, braços e cabeça. A capoeira nascia como forma de liberdade e dignidade de um povo.
Antigamente a capoeira era vista como um ato de rebeldia, violencia e subversiva pelo governo brasileiro e pelos senhores feudais, por isso a prática ficou proibida.
Em 1888 a Lei Áurea aboliu a escravidão no Brasil e em 1890 baixou um decreto sobre a imigração que autorizava a entrada de africanos e asiáticos no País, somente mediante permissão do Congresso Nacional.
A prática da Capoeira é incluída no Código Penal. Rui Barbosa decidiu queimar todos os documentos da escravidão no Brasil, mas a Capoeira resistiu apesar de ter sido usada por políticos para aterrorizar seus adversários. Ela sobreviveu e mais tarde transformou-se em cultura popular brasileira.Os capoeiristas costumavam usar calças boca de sino e no período em que a capoeira ficou proibida por lei (1890-1937) a polícia, para detectar os capoeiristas, colocava um limão dentro das calças do indivíduo. Se o limão saísse pela boca das calças, a pessoa era considerada capoeirista.
Em 1824, os escravos que fossem pegos praticando capoeira recebiam trezentas chibatadas e eram enviados para a Ilha das Cobras para realizar trabalhos forçados durante três meses.
Neste período a capoeira era uma luta muito valiosa na defesa da liberdade e dos direitos dos negros durante a escravatura e, depois, no tempo colonial, a capoeira era proibida, tal como qualquer outra manifestação negra e, por isso mesmo, reprimida pela polícia.
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